Por que não usamos castigos na disciplina positiva?
Uma das perguntas mais comuns dos pais quando se deparam com a disciplina positiva é: por que não se é usado aquele velho método tradicional que conhecemos de castigos e recompensas? Eles não tem efeito?
A resposta imediata é: sim, eles podem ter (e geralmente tem) um efeito rápido em relação ao comportamento da criança durante aquele momento. Mas e a longo prazo, quais são os efeitos reais causados? Será que além de piorar o comportamento com o tempo, eles não prejudicam a criança e sua relação com ela?
Vim elaborar um pouco mais sobre esse assunto aqui.
Diferentemente da disciplina tradicional que conhecemos, aonde o comportamento da criança é rapidamente colocado em dois lugares: bom (recompensa) ou ruim (castigo), a disciplina positiva elimina esse modelo para dar espaço a uma relação diferente, que é a de incentivar, de maneira que estejamos atentos às necessidades básicas da criança para ela se sentir pertencente e significativa. Nossa tarefa é ajudar as crianças a encontrarem pertencimento e significado de maneiras socialmente úteis.
Para que isso possa acontecer, então, buscamos entender da onde surge e qual a melhor forma de abordar os problemas comportamentais da criança. Resumindo: na disciplina tradicional, os pais e tutores prestam atenção apenas no comportamento, como se fosse algo único e generalizado. Já na disciplina positiva, buscamos entender o que há por trás daquele comportamento e qual a melhor forma de solucioná-lo, desde a raiz do problema.
Uma referência imagética boa para isso seria a analogia com a ponta de um iceberg e o resto de sua profundidade:
Quando você decide aplicar um castigo rápido e generalizado em seu filho, o processo que acontece em sua cabeça é o que chamamos, na disciplina positiva, dos 4 “R”s da punição:
Ressentimento: "- Isso não é justo. Não posso confiar nos adultos."
Revolta: "- Eu vou fazer o oposto para provar que não preciso fazer da maneira que eles querem.”
Retaliamento: "- Eles estão ganhando no momento, mas eu vou sair por cima.”
Retraimento, dividida entre baixa autoestima: “- Acho que sou uma pessoa ruim…” e o fazer escondido: “ - Da próxima vez não serei pego.”
Mas então, como é feita a correção do comportamento sem ser através de castigos?
Permissividade x ser firme e gentil
Diferentemente da permissividade onde você acaba cultivando a ideia de que você deixa a criança fazer o que ela quiser, sem nenhuma consequência, o principal ponto é: ser firme, mas gentil. Então a ideia é que sejam estabelecidos limites, de maneira consistente e sólida, mas pensando também no emocional da criança. Você pode dizer não à ela, mas sem uma postura agressiva ou invalidando seus sentimentos. Por exemplo: mostre que está tudo bem a criança se sentir frustrada por algo que ela gostaria que fosse diferente, que você entende ela e se importa com seu bem estar, mas isso não altera sua resposta, que continua sendo negativa sobre o assunto.
Consequências naturais
Como o próprio nome diz, a consequência natural de algo é aquilo que se desencadeia naturalmente, sem a interferência de um adulto. Por exemplo: quando você deixa de comer, você sente fome ou se você sai na chuva sem guarda-chuva, você se molha, assim em diante. Mas um ponto importante é não vir com aquela frase clichê “Eu te avise” em cima da criança. A criança já se sente mal naturalmente quando erra ou passa por uma situação que não gostaria. Quando você traz esse tipo de afirmação, em vez de a criança focar em processar a experiência ruim, o foco se torna as sensações de vergonha, culpa e dor.
Então, no caso, procure buscar empatia pela situação e o que ela passou: “Imagino como deve ter sido difícil pra você sentir fome/se molhar/ter uma nota ruim na escola/perder a bicicleta/etc.”, e, posteriormente quando aparecer apropriado, mostrar seu suporte e confiança nela adicionando “Eu te amo e sei que você vai conseguir superar esse momento.”
Assim, além de demonstrar seu suporte e confiança ao deixar ela passar por isso sozinha (e também sem promover a vergonha), você conseguiu ajudar ela a desenvolver sua autoconfiança e ideia de capacidade.
Os 5 pilares da disciplina positiva
Ajudar a criança a ter a sensação de pertencimento, conexão e significância.
Sempre buscar ser firme e gentil, ao mesmo tempo.
Efetividade a longo prazo.
Ensina habilidades importantes da vida e valores sociais como: bom caráter, respeito, acolhimento, a preocupação com o próximo, resolução de problemas e cooperação.
Convida a criança à descobrir sobre como ela é capaz e como usar esse poder de maneira construtiva.
É importante ter em mente que os pais desempenham um papel crucial no desenvolvimento da personalidade de uma criança, além de influenciar diretamente em seu bem estar no geral. Então que tal mudar hoje a maneira que você trata a relação com seu filho, buscando uma forma de melhorar seu comportamento e ajudá-lo a construir uma boa autoestima para sua vida adulta? Venha conhecer um pouquinho mais sobre a disciplina positiva e aprenda sobre esse estilo de parentagem que tem mudado a vida de muitas famílias ao redor do mundo inteiro!
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