Elogie menos, encoraje mais: elogios versus encorajamento para as crianças

Dentro da disciplina positiva, acreditamos que o encorajamento vale muito mais do que apenas elogios rasos no dia a dia. Mas por quê?

Diferentemente do elogio, que é uma resposta rápida onde você está recebendo a aprovação do outro, o encorajamento busca estimular e, como a própria palavra diz, encorajar o outro. Assim, por essa lógica, muitos elogios podem fazer com que a criança cultive o hábito de se tornar dependente deles - e, futuramente, terá grandes chances de se tornar um adulto que busca a aprovação do outro em tudo que faz.

Para exemplificar melhor, observe essa situação: uma criança muito acostumada e que gosta de receber a aprovação dos pais pode começar a escolher tarefas mais fáceis para correr menos risco de erros e chegar logo no resultado proposto, que é recebido e aprovado por diversos elogios. Já uma criança acostumada com o encorajamento dos adultos se sente mais segura e confiante em se empenhar com desafios que sejam mais difíceis para ela, já que o foco não é esse e sim o seu esforço e superação, independentemente do resultado final.

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Para a gente conseguir ter uma clareza maior sobre a diferença entre os elogios e encorajamentos, observe a tabela abaixo:


Elogio Encorajamento
Definição da palavra - Para expressar um julgamento
favorável de;
- Para glorificar, especialmente pela
atribuição de perfeição;
- Uma expressão de aprovação.
- Para estimular com coragem;
- Estímulo. 
Se remete ao quê? Ao executor, exemplo: "bom menino". A ação, exemplo: "bom trabalho".
Reconhece o quê? O perfeito, o produto final. Exemplo: "Você foi perfeito, fez certinho." O esforço, melhoria. Exemplo:
"Você fez o seu melhor."
Atitude/propósito Paternalista, manipulador. 
Respeitoso, apreciativo.
Mensagem... Julgadora: "Eu gostei muito do jeito que você fez aquilo."
Autodirecionada: "Eu aprecio muito a sua cooperação."
Usado com mais frequência
em...
Crianças: "Fulana é uma ótima
menina!"
Adultos: "Obrigada pela ajuda!" 
Exemplificação "Eu estou orgulhoso que você 
foi bem na prova." - Rouba da criança a sensação de propriedade sobre as próprias realizações.
"Essa nota boa reflete seu esforço!" - Reconhece a propriedade e responsabilidade pelo esforço.
Convida a criança... ...a mudar pelos outros, se tornando viciada em aprovações.  ...a ter direcionamento sobre seus próprios valores, méritos e esforços. 
Lócus de Controle Externo: "O que os outros irão pensar?"  Interno: "O que eu penso sobre isso?" 
Ensina a...  ...o que pensar. Dependência da avaliação do outro.   ...como pensar. Autoavaliação.
Objetivo Conformidade: "Você fez corretamente, parabéns." Entendimento: "O que você pensa e sente sobre isso?"
Seu efeito no seu senso de valor próprio Se sente útil quando os outros demonstram sua aprovação. Se sente útil mesmo quando não há demonstração de aprovação por terceiros. 
Efeito a longo prazo Dependência sobre os outros. Autoconfiança e autossuficiência.

Então, como posso encorajar a criança?

O encorajamento não se dá em comentar, discursar sobre (a famosa "palestra"), parabenizar e comemorar tudo que a criança faz ou acerta. Como podemos observar, encorajar se dá no ato de estimular a coragem - ajudando ela a desenvolver seu senso de capacidade, se sentir útil, feliz, pronta para encarar os desafios de maneira resiliente e, inclusive, com coragem de ser imperfeita e se sentir livre para aprender através dos erros.

Para que isso aconteça, podemos usar algumas ferramentas da disciplina positiva, por exemplo:

Reuniões de família: aonde a criança ajuda com a resolução de problemas da casa ou família junto dos adultos nos assuntos que sejam adequados ela participar. Sempre dando seu ponto de vista, recebendo e aprendendo também a fazer críticas ou elogios de maneira construtiva.

Perguntas curiosas: em vez de supor ou falar para a criança como ela deve se sentir e agir, busque perguntar pra ela como ela se sente e o que ela gostaria de fazer. Isso faz com que ela aprenda a pensar por si própria e ajuda a desenvolver o senso do uso de seu poder pessoal sobre as responsabilidades sociais.

Exercendo sua autonomia: permita que a criança exerça sua autonomia e tenha oportunidades de aprender e crescer, seja pelos seus erros ou acertos. Deixe ela aprender e lidar com seus desafios e consequências de suas escolhas.

Tenha confiança no seu filho: provavelmente ele é muito mais capaz do que você imagina. Tenha fé no desenvolvimento da suas habilidades, demonstre confiança em sua capacidade para que ele consiga também ter confiança em si mesmo.

Mantenha seu tempo de qualidade e suporte incondicional: nunca deixe de demonstrar seu suporte, amor e carinho incondicionais pela criança. Não a faça sentir que precisa se comportar de maneira determinada para conseguir seu afeto.

Seguindo esses e outros diversos exemplos e ferramentas possíveis, com o adulto sempre buscando ter atitudes respeitosas e demonstrando se importar com o ponto de vista da criança, com o desejo que ela desenvolva suas habilidades de independência e autoconfiança, conseguimos atingir nosso objetivo: não fazer com que ela cresça sendo um adulto dependente da opinião e aprovação alheia.

Tem alguma dúvida ou sugestão de tema que gostaria de ver respondida aqui no blog? Manda pra mim na caixinha de perguntas do instagram @sanda.consultoria. Te espero lá. 😊

Fontes utilizadas:

Tabela retirada e traduzida do site Positive Discipline.

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