Equilíbrio entre a maternidade e a vida profissional: dicas práticas

Post inspirado na live com a arquiteta, empresária e mãe Janine Girotto (@janinegirottoarquitetura)

Com as demandas atuais, parece impossível achar o equilíbrio perfeito entre maternidade, carreira e vida pessoal. Baseada na experiência com mulheres reais e de diferentes cenários de vida, separei algumas dicas práticas de como tentar balancear essa jornada tão complexa, única e sem manual de instruções pronto:

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Planejamento antes do nascimento

Planejamento é um passo essencial e que deve ser feito antes do nascimento da criança. Planejar a rotina, entender as mudanças que serão inevitáveis e quanto tempo elas irão permanecer. É importante ser realista e pensar desde os detalhes do dia a dia com o recém nascido (sono noturno, momentos de descanso, intervalos entre as mamadas) e a agenda que você tem planejada para o trabalho fora de casa. Lembre-se de não fazer promessas inalcançáveis e ter uma conversa sincera com as pessoas tanto do ambiente familiar como do ambiente de trabalho. Deixe tudo anotado e evite surpresas com seus familiares, colegas de trabalho, funcionários, clientes ou chefe.

Rede de apoio

Com tantas demandas pesadas, uma rede de apoio com as pessoas próximas de você é algo fundamental na hora da criação do seu filho. Sejam amigos próximos, seu parceiro, uma cuidadora contratada ou familiares. Tanto no âmbito pessoal e psicológico da mamãe quanto na hora prática da criação e dia a dia, converse com antecedência com as pessoas a sua volta e veja quem irá te ajudar e participar da vida do bebê. Busque evitar pessoas que irão julgar suas escolhas, se intrometer de maneira desrespeitosa e não respeitar os limites, regras e valores que você gostaria de impor durante sua jornada parental.

Tempo de qualidade

Muito mais que a quantidade de tempo que você passa com seu filho, o que realmente irá contar é a qualidade dele - sejam 10 minutos ou horas. Pense comigo: daqui alguns anos, ele irá lembrar não de quanto tempo vocês passavam juntos no dia a dia e sim dos momentos e como se sentia especial por ter um espaço reservado no seu dia - todos os dias.

O tempo de qualidade é algo muito simples de implantar na sua rotina. Ele pode se dar em qualquer momento que seja mais conveniente para você: na hora do almoço ou quando chegar em casa do trabalho. Os pontos importantes para dar certo são…

Marcar o compromisso e ser consistente: é importante se comprometer e dar o mesmo tempo de atenção todos os dias, independente de quanto tempo seja. Nomeie esse momento de vocês como “o tempo especial juntos", coloque um despertador e quando acabar demonstre a vontade de estar junto, falando, por exemplo:

- Mal posso esperar nosso tempo especial juntos novamente amanhã!

Deixar que a criança comande esse momento: permita que a criança escolha a atividade que irão fazer juntos e se sinta como parte do poder durante esse tempo juntos.

Dar 100% de sua atenção: evite distrações alheias como celulares, eletrônicos, irmãos e qualquer assunto que esteja fora da atividade que você e seu filho esteja fazendo naquele momento. Para que o tempo seja realmente de qualidade, é importante demonstrar sua presença emocional e não apenas física.

Mamãe feliz, bebê feliz

Um dos maiores erros de qualquer mãe é se esquecer e sentir a perda da sua individualidade por conta da família e maternidade. Tire uma hora do seu dia a dia e se permita fazer algo que te traga a sensação de bem estar individual. Você conseguirá ser uma mãe bem melhor ao tirar esse tempinho extra pra você do que passar esse tempo se sentindo culpada ou forçada a esta

É importante ter consciência sobre suas necessidades e desejos. É normal que algumas mulheres se sentem melhor se dedicando exclusivamente à maternidade, enquanto outras pela sua carreira. Não é algo você deva sentir culpa. Respeite suas vontades e seja verdadeira consigo mesma. Isso fará toda a diferença - inclusive em como você lida com seu filho e sua atitude no dia a dia.

Mandar a culpa embora

A culpa é um sentimento bastante traiçoeiro: além de não ajudar em nada, servirá apenas para te estagnar ainda mais. Por pressão externa de condutas sociais do ambiente ou processos internalizados na sua criação - se tornou algo natural o fato de que quase toda mãe irá sentir a culpa do abandono, seja da sensação de “abandono” da criança quando for trabalhar ou por sentir que está negligenciado sua carreira ao não estar trabalhando como antes.

Em troca da culpa, busque pensar pelo âmbito da responsabilidade: “Eu realmente estou sendo negligente em relação a tal coisa? Se sim, como posso melhorar isso?”. Assim, você irá racionalizar esse sentimento e pensar na solução para o que está acontecendo. Essa é a diferença entre a impotência (culpa) ou empoderamento (noção realista de negligência e responsabilidades) na hora de agir.

Definir prioridades de maneira realista

Ao se perguntar "O que posso deixar escapar hoje?”, você estará com tratando de forma responsável e realista a sua lista de prioridades. Lembre-se sobre não deixar a culpa dominar e pensar dentro do âmbito das negligências e responsabilidades.

Como lidar com a ansiedade de separação da criança

Na hora de ir trabalhar, a criança se agarra no seu pescoço e pede pra você não ir embora. E agora? Qual a maneira correta de agir?

Nunca saia de casa escondida: por mais traumática que seja a reação da criança na hora de ir embora. Quando ela se der conta que você não está em casa e não saber o que aconteceu, isso gerará uma insegurança que ficará cada vez pior, criando uma bola de neve na sua ansiedade de separação entre vocês.

Fale a verdade: conte sobre aonde você vai, sobre seu trabalho - dependendo da idade pode até falar sobre o que você vai fazer com certos detalhes para ela conseguir te enxergar nessa situação. Pense que a criança pequena não entende a concepção do mundo lá fora muito bem ainda, então a partir do momento que você saiu pela porta, você sumiu. Ao contar sobre o que você irá fazer longe de casa, ela poderá não entender de forma profunda o que você fala mas o respeito e gentileza de explicar o que está acontecendo já ajuda a ela entender o que esperar, se sentindo mais segura.

Nomeie e valide seus sentimentos: como já discutimos bastante dentro da disciplina positiva, é importante nomear e validar seus sentimentos. Pense no caos emocional da criança que acha que está sendo abandonada, mostre que você a vê e apele para esse lado: “- Você ficou muito triste que a mamãe não pode passar a tarde com você em casa hoje. Está tudo bem se sentir assim. É muito gostoso quando passamos nosso tempo juntos.”

Dê uma pequena sensação de poder a ela: coloque um despertador de 3 minutos e diga “- Olha, a mamãe vai ficar aqui com você e quando o despertador tocar a mamãe vai pro serviço. Aperte o botão verde, por favor.”. Isso dará uma sensação de controle para a criança sobre esse tempo, no qual ela participa apertando o despertador.  “- Quando eu chegar em casa X horas da noite, você quer brincar de carrinho ou andar de bicicleta?”. Traga essa escolha para a criança começar a enxergar mais longe daquele momento do limite/não que ele não gosta e passar a focar em algo que irá acontecer mais pra frente e ele tem poder sobre.

Valorizar a ajuda profissional

É comum que muitas mães ainda tenham receio de buscar a ajuda de uma cuidadora profissional, seja por medo, sensação de negligência/abandono ou até mesmo ciúmes. Mas é um tabu que precisa ser quebrado, afinal, quem o seu filho irá passar a maior parte do dia terá inevitavelmente uma grande influência em seu desenvolvimento - seja uma escolinha, creche ou babá.

É preciso deixar de lado a ideia da babá que só serve para olhar e garantir a segurança e bem estar físico da criança e começar a levar em consideração a importância que a ajuda profissional pode ter. Busque uma cuidadora que esteja de acordo com o que você deseja pra criação do seu filho - desde a parte de sono, higiene, rotina, alimentação, regras e comportamento.

Uma boa ideia para valorizar a profissional que irá te ajudar nesse momento, é dar a oportunidade de aprimoramentos e formações na área. Em julho, estarei ministrando uma oficina direcionado para babás de crianças de 0-4 anos, aonde abordaremos os principais pontos do dia a dia, crises e comportamentos, tudo sob o viés da disciplina positiva. Para se inscrever basta clicar aqui. Caso tenha dúvidas e outros interesses, pode me mandar uma mensagem pelo instagram ou no email sanda.surariu@gmail.com.

Tem alguma dúvida ou sugestão de tema que gostaria de ver respondida aqui no blog? Manda pra mim na caixinha de perguntas do instagram @sanda.consultoria. Te espero lá. 😊

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