O que são pais helicópteros? 3 diferenças entre pais amorosos vs superprotetores e as situações na vida prática

Em nome do medo do sofrimento dos pequenos e a vontade deixar seus filhos sempre felizes e protegidos, os pais acabam tendenciando para o estilo parental “helicóptero”, que seria um outro nome utilizado para definir a superproteção. Mas, no fundo, todos sabemos que é impossível proteger a criança de tudo - e ela não irá ser pequena para sempre. Então o que ser um pai "helicóptero” ou "superprotetor” realmente significa? Como saber se estou protegendo demais meu filho e o prejudicando ou estou dentro de uma medida certa?

Para conseguirmos que ela cresça de maneira saudável e sensível sobre o mundo real, é necessário deixar a criança viver. Crianças superprotegidas acabam tendo dificuldades em desenvolver sua individualidade saudável e autoconfiança pela falta de oportunidades em resolver seus próprios desafios e problemas comuns da vida.

Além disso, como adultos, as consequências podem ser ainda mais desastrosas: pesquisas mostrar quem crianças superprotegidas estão “Destinadas a uma idade adulta ansiosa, sem os recursos emocionais que precisarão para lidar com contratempos e fracassos inevitáveis”. Ao ser superprotetor, você está alimentando a mensagem ansiosa de que ela não é capaz de resolver seus problemas sozinha. O papel de um pai amoroso é a responsabilidade de ajudar seu filho a desenvolver autoconfiança, determinação e resiliência para que possam superar os erros, sem acreditar que são o próprio erro.

A única maneira das crianças desenvolverem essas habilidades é permitir que enfrentem dificuldades, sabendo que estaremos lá para incentivá-las (apoiar), mas não resgatá-las das consequências naturais da vida (desafio). Pensando nisso, irei apontar 3 diferenças cruciais entre pais helicópteros e um jeito parental normal e saudável, e também utilizar alguns exemplos de situações práticas comuns do dia a dia:

1710-helicopter-parenting.png

1. Não faça pelo seu filho o que ele pode fazer por si mesmo.

Assim que a criança entende como se faz algo, a gente começa a pedir sempre que ela faça e repita o que aprendeu (por exemplo, escovar os dentes, tirar o lixo, colocar a própria roupa, etc). Conforme ela for crescendo, vá pedindo que ela faça coisas apropriadas para sua idade como fazer um lanche/café da manhã, arrumar o jardim ou tentar um novo hobbie.

Mas é importante segurar a vontade de ajudar e deixá-la fazer as coisas do seu jeito, agindo por si só. Não tente corrigir ou fazer as coisas por ela se ela não fizer da maneira que você faria quando fosse um adulto. Embora você não verbalize nessas palavras, a mensagem que seu filho recebe é: "Não acredito que você tenha o que é preciso para cozinhar ovos da maneira certa." Então, em vez disso, venha ao seu lado e treine-o de maneira sutil, oferecendo um equilíbrio entre o seu apoio amoroso e o desafio verdadeiro.

2. Deixe que ele vivencie as consequências naturais de seus atos.

Uma das áreas mais comuns dos pais tentarem proteger os filhos é na hora de sentir as consequências naturais de suas próprias ações.

Inclusive, é importante deixar que ele sinta seu desapontamento com o que fizer de errado. Não corra rapidamente para o resgate de que "tudo ficará bem." É possível demonstrar que está desapontamento mas que ainda o ama mesmo em sua decepção. Isso nos dá o privilégio de ensiná-los a resolver problemas enquanto sentem fortes emoções - basta lembrar de agir de maneira leve e positiva e enxergar como uma oportunidade de ele aprender, assim, ele conseguirá tirar a lição que precisa dessas situações.

3. Resista à tentação de sempre estar elogiando e criando expectativas em seu filho por tudo.
A criança não será boa em tudo que ele fizer - você não deve mentir para ela dizendo que é. Se seu filho se esforçar em algo, mas se atrapalhar, elogie-o pelo esforço e o ajude a fazer na próxima vez. Conforme ele for crescendo, devemos levar em consideração a qualidade das suas tarefas. Não podemos recompensar um comportamento normal esperado todas as vezes, ou seu filho estará esperando um 10 simplesmente por enviar o trabalho da faculdade ou um aumento apenas por ir para o trabalho na hora certa. Superestimá-los só lhes dá o direito de acreditar que devem ser elogiados simplesmente pela sua presença e o mínimo que deve ser feito.

Lembre-se: nossa meta é que eles funcionem com competência no mundo real, tirando-os da dependência completa quando crianças para a independência total quando adultos.

Maneiras saudáveis de agir vs superproteção na prática

butler-service-1135x540.jpg

Situação 1

A criança esquece de levar o trabalho/tarefa para a escola e liga pra casa.

Reação comum no espectro da superproteção

Um dos pais sai correndo para pegar a tarefa/trabalho que a criança esqueceu em casa e leva para a escola.

Alternativa da disciplina positiva

É importante que a criança sinta as consequências naturais por ter errado - mas sem julgamentos ou humilhações. Então, quando a criança chegar em casa, com calma, explique e demonstre seu suporte:

"- É muito frustrante que você esqueceu de levar sua tarefa na escola hoje, né? Mas eu confio que você irá lembrar de levar na próxima vez.”

20408a.jpg

Situação 2

Uma criança pequena que está errando ao tentar fazer um quebra-cabeça.

Reação comum no espectro da superproteção

Ajudar demais: pegar as peças do quebra-cabeça e mostrar para ela aonde cada peça encaixa, encaixar para ela e atitudes do tipo.

Alternativa da disciplina positiva

Tudo bem fazer um comentário ou outro ou dar alguma dica de vez em quando. Mas lembre-se que você quer que ela aprenda a habilidade de raciocínio lógico daquele quebra-cabeça e ela não terá essa oportunidade se você ajudar demais ou fizer por ela. Deixe que ela brinque sozinha, ao seu tempo, errando e acertando.

backtoschool.jpg

Situação 3

A preparação da mochila da escola de uma criança de 8 anos.

Reação comum no espectro da superproteção

Nessa idade, a criança já é capaz de montar a própria mochila para escola sozinha. Mas o pai superprotetivo fica preocupado e acaba colocando e organizando as coisas dentro dela para a criança não ter a chance de esquecer nada.

Alternativa da disciplina positiva

Ensinar para a criança uma vez o jeito correto de organizar sua mochila, dar a lógica do processo e depois deixar que ela tente e faça sozinha diariamente ao ir para a escola. É importante deixar que ela sofra as consequências naturais de um possível esquecimento, falta de atenção ou desorganização da parte dela.

hero_stopped_buying_kids_toys-1.jpg

Situação 4

A criança escolhe um brinquedo que ela gostaria de comprar e será com sua própria mesada.

Reação comum no espectro da superproteção

Os pais ficam com pena e ao invés de deixar a criança pagar o brinquedo com sua mesada, acabam pagando pra ela.

Alternativa da disciplina positiva

Ao ficar com pena e pagar com seu dinheiro o brinquedo que a criança iria comprar a mesada dela, você acaba roubando mais uma oportunidade de experiência e aprendizado dela. Como em todos os casos, busque nomear e validar o sentimento da criança:

“- Sei que é frustrante você ter que gastar esse dinheiro que você guardou, né? Mas você guardou pra isso e está tudo bem.”



Fonte utilizada:

https://www.joshuastraub.com/2016/08/03/3-differences-between-good-parenting-and-helicopter-parenting/

Tem alguma dúvida ou sugestão de tema que gostaria de ver respondida aqui no blog? Manda pra mim na caixinha de perguntas do instagram @sanda.consultoria. Te espero lá. 😊

Anterior
Anterior

Como estabelecer limites de forma correta para ajudar a evitar lutas de poder e crises de birra?

Próximo
Próximo

A mãe desnecessária - e a necessidade de aprender sobre o desapego